terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Monocromia



Como você concebe um trabalho?

Não tenho muita idéia de como se concebe, um trabalho vem vindo meio que como uma avalanche de idéias, que vêm do inconsciente, se misturam com outras idéias mais racionais e vou construindo e selecionando até começar o trabalho de feitura das fotos. Aí serve a sensibilidade aliada a uma certa ginástica de fazer. Algumas vezes, são projetos que surgem de pedidos de algum projeto aberto: do tipo, Miradas de fin de siglo, organizado na Espanha por Lola Garrido Almendariz. Projetos em que se chama alguém para fazer imagens de determinado lugar, porém deixando o artista totalmente livre para colocar sua marca pessoal. Para mim isso funciona como o processo de fazer uma tela mesmo. São camadas que vão sendo feitas de tentativas, reconstruções. Não feito, é como no design, no qual se tem uma idéia e vem depois a construção, que tem de ser exatamente como a idéia original. Eu acredito muito no trabalho quando ele tem uma base com um mínimo de conceito, mas no qual a própria feitura do trabalho acaba trazendo uma outra densidade. Às vezes meu trabalho nasce de uma proposta conceitual, outras vezes vem da vida e da experiência...

Quando você edita, pensa num discurso literário ou num discurso imagético?

Num discurso imagético, com poética própria. Não penso numa narrativa com começo, meio e fim. Me sinto mais identificado com essa narrativa sem uma construção linear ou literal. Penso no ritmo.


Essa sua capacidade de transitar por várias linguagens, pintura, cinema, fotografia, é uma insatisfação sua ou você acredita que uma única linguagem seja incapaz de dar conta do que você quer dizer?

Eu acho que é um prazer poder misturar essas várias maneiras de expressão. Na minha fotografia existe uma parte que é pintura, e que muitos gostam, outros acham ruim por não ser fotografia “pura”, por ser “mestiça”. Mas para mim, isso já faz parte da minha identificação. Então acredito que tenho que colocar junto as minhas várias experiências. Passeio muito bem por essas trilhas variadas. No entanto, também tenho imagens “puras” que não precisam da ajuda de outras para serem completas.


Aparentemente pode parecer caótico...

Mas acredito que eu tenho uma ordem mais ligada à música, ou musical... Um equilíbrio no limite da queda...


Pois é, a música. Ela também é importante para você...

Infelizmente não toco nenhum instrumento, talvez seja minha maior frustração, a comunicação pela música me parece a mais completa, aquela que toca as pessoas sem precisar explicar muito. No entanto acabo criando as trilhas sonoras, ou seja, usando músicas já compostas, ou então como tenho feito ultimamente, convidando músicos e criando com eles, graças a eles, as trilhas sonoras para minhas projeções e instalações. A música é algo essencial para mim, no trabalho e na vida. Teve até uma história engraçada. Em 1985, eu fiz uma exposição na galeria que a Magnum teve em Paris e um dos membros, o Dennis Stock, chegou para mim e disse: “O seu problema, Miguel, é que você está tentando fazer música com fotografia”. Mas para mim não era e não é um problema, aquilo foi um elogio.

Trechos do livro Miguel Rio Branco, de Simonetta Persichetti - Editora Lazuli e Companhia Editora Nacional – 2008.

Portfolio na Magnum

Uma conversa com o fotógrafo

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Happy Xmas. Lennon's message for peace

Berlin, Germany December 1969


Times Square, New York, USA December 1978

Rome, Italy December 1969

Times Square, New York December 15 1969





Veja o filme ,veja as fotos e Baixe o cartaz aqui.

Em www.imaginepeace.com

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

A imagem analógica é uma visualização da memória humana.





















David Burnett vem fotografando o mundo à mais de 40 anos. Fez a sua graduação em Ciências Políticas no Colorado College em 1968 e começou a trabalhar como freelancer para a Time e Life Magazine, primeiro em Washignton, depois em Miami e no Vietnã. Após se despedir do Life Weekly juntou-se à French Photo Agency Gamma fotografando por todo o mundo durante 2 anos.

Entretanto fundou a Contact Press Images, que já conta 30 anos no mercado, sediada em Nova York tem em seu quadro nomes consagrados como Sebastião Salgado, Annie Leibovitz, entre outros, tão importantes quanto. É conhecido por fazer qualquer tipo de trabalho e voltar sempre com aquela imagem lúdica e diferenciada.

David já cobriu oito(!) Olímpiadas e sempre se destacou por conseguir resultados diferentes seja pelo posicionamento, equipamento, ou técnica utilizadas. Em uma era onde 99% dos fotógrafos utilizam o mesmo equipamento (câmeras digitais autofoco com teleobjetivas luminosas), os resultados ficam demasiadamente parecidos e é cada vez mais difícil conseguir resultados esteticamente singulares. David é um dos fotógrafos que consegue, e para isso utiliza desde câmeras de filme 35mm como uma Leica rangefinder, Holgas de plástico com filme 120, até uma Speedgraphic 4x5 que tem no mínimo uns 40 anos de idade. Os resultados? Imagens que ninguém mais tem, com um look único, fazendo com que suas imagens sejam licenciadas em inúmeras publicações que querem algo diferente do que já foi visto em sites, jornais, e revistas.

"Em última análise, a tecnologia é apenas uma ferramenta", disse ele. "É uma ferramenta que permite que seus olhos se tornem a imagem. É fácil envolver-se com todos os gadgets e todas as tecnologias, mas a coisa mais importante é você se familiarizar com as possibilidades que estão ao seu alcance ."

Burnet em Pequim: As Olimpíadas que você não viu . (Imperdível!)
Fonte:Revista Super Interessante , The New York Times , Agência Contact Press e Blog do fotógrafo Dario Branco.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Vidas invisíveis

Auristela perdeu três filhos assassinados na Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes





A morte não causa mais espanto em um lugar com índices de homicídios de proporções continentais. Assim é possível definir Pernambuco. Com 8,5 milhões de habitantes, segundo o IBGE, o Estado teve 4.638 assassinatos em 2006. Os 25 países da União Européia, que juntos somam 459 milhões de habitantes, registraram no mesmo ano 6.697 execuções. Localizadas numa parcela específica da população, essas mortes já deixaram de chocar. De causar indignação. De exigir providências.

Reportagem realizada para o Jornal do Commercio, pelos fotógrafos Marcos Michael, Rodrigo Lôbo e Renato Spencer.

E a discussão prossegue no Pictura Pixel.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

'Martírio no Presídio'


O repórter-fotográfico Clóvis Miranda, do jornal "A Crítica", de Manaus, é o vencedor da edição 2008 do Prêmio Esso na Categoria Fotojornalismo.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Jonas Bendiksen




Fotografo Norueguês Jonas Bendiksen fala sobre seu ensaio The places we live , segunda dia 24 de novembro, durante evento na Aperture Gallery.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pedro Martinelli























Nasceu em 1/1/1950 e começou no jornalismo como fotógrafo em A Gazeta Esportiva (1967). Passou pelo Diário do Grande ABC (1968-70) e O Globo (1970-75), quando cobriu a expedição de contato dos índios Kranhacãrore (hoje chamados Panará).
Trabalhou depois em Veja (1976-83) e chefiou o Estúdio Abril (1983-94). Desde 1994, dedica-se à documentação da vida do homem da Amazônia, da qual resultou em livro.
Em 1970, quando o regime militar botou em marcha os primeiros acordes do chamado Plano de Integração Nacional e iniciou a construção de rodovias que cortariam a floresta amazônica, Pedro, então com 20 anos, foi escalado pelo jornal O Globo para cobrir a célebre expedição de "atração" dos chamados Kranhacãrore, os "índios gigantes", na rota da abertura da rodovia Cuiabá-Santarém.
Foi sua pós-graduação de mato na Amazônia, tendo Cláudio Villas Bôas como mestre!
Durante três anos, aguardou pacientemente na rede, meses a fio, o desfecho da história. Descobriu quanto custa fazer uma documentação fotográfica profunda, numa região imensa, desconhecida e onde o que dá o ritmo (ainda) é a natureza...

Seus registros memoráveis do cerco aos Kranhacãrore viriam se completar somente 25 anos mais tarde, quando reencontrou os Panará - o verdadeiro nome da tribo - e pôde documentar o seu retorno ao que sobrou do território tradicional, depois do vendaval predatório das madeireiras, das empresas agropecuárias e dos garimpos que se instalaram na região dos afluentes da margem esquerda do médio Xingu, no rastro da estrada.
A esta altura, Pedro Martinelli já havia deixado o emprego fixo e estava andando por sua conta, sem a pressão das pautas de curto prazo e o jugo dos editores, para se dedicar prioritariamente à documentação do cotidiano do homem da Amazônia.
Pedro é um fotógrafo artesanal, que só utiliza câmeras mecânicas sem adereços, tem uma aproximação profundamente humana e alegre com as pessoas e comunidades protagonistas das histórias que está aprendendo para contar.
Beto Ricardo, companheiro de viagem - Instituto Socioambiental São Gabriel da Cachoeira, AM