segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Tempos Nebulosos


Já ouvi de tudo nessa cidade: reclamações por causa do curso do Firmo, desabafos emocionados de gente que acha que não há fotografia em Brasília porque poucos participaram de um curso do Clício Barroso. Muitas outras reclamações, de pessoas que julgam saber o que é fotografia.

Quando tem exposição e eventos afins, sempre é o mesmo grupo que vai nas vernissages e se dá muito bem, porque fazem a coisa mais preciosa da vida em sociedade: conhecem outras pessoas com interesse comum, vez ou outra conversam com o autor e até se tornam colegas, trocam e-mails e experiências. Quanto a mim, grande parte das pessoas que conheço na área, foi graças a exposições, seminários, palestras.

Cansa ler um monte de bobagens, reclamações ocas, enquanto palestras e exposições continuam vazias.

É estranho...

Brasília é conhecida pelo fotojornalismo político, sempre vai ter pauta. Mas os fotojornalistas fazem o que? Só trabalham no jornal e deixam de ser fotógrafos E jornalistas nas horas vagas? É só um emprego mesmo? Talvez seja graças a essa visão que a fotografia dos jornais em Brasília está cada vez mais engessada. Cada vez mais é só uma tele, uma escadinha e paciência de passar o dia inteiro sentados na mesma posição esperando tal político meter o dedo no nariz ou cair a bolsa da presidente da Argentina para sair uma foto "diferente" na capa. Isso por acaso é notícia?!?!

Luis Humberto falou uma coisa que é de extrema importância e que o fotojornalismo hoje, - talvez pelo excesso de profissionais e meios, talvez por uma cultura cada vez mais acostumada ao fotógrafo e conseqüentemente tendendo a enfiá-lo num "chiqueirinho" -, não consegue ter: espaço. Na entrevista que vai ao ar em Punctum nos próximos dias, ele fala da importância do fotógrafo dominar o espaço.

O que está acontecendo?
O que vocês, com formações diversas, acham?

Porque o fotojornalismo em Brasília não tem nenhum Luis Humberto em atividade?
Porque os excelentes que temos, estão escondidos?
Porque não se consegue dar mais espaço ao trabalho de um cara como o Ivaldo, que olha todo dia o mundo com uma visão que vai além do simples enquadramento, que transmite uma idéia, um posicionamento político? Porque o trabalho dele não está rodando o mundo, para que todo mundo veja o que acontece do lado dos lugares mais poderosos do país?

Será que as pessoas esqueceram que a fotografia é um meio de comunicação, ou acham que é só ilustração!?

abraços
Isabela Lyrio
http://www.flickr.com/photos/isabelalyrio
http://www.punctum-foto.com
http://punctum-foto.blogspot.com/

Isabela,
Entendo que há várias explicações e ponderações:
a) por que alguns fotojornalistas (que estão no mercado e veículos de imprensa) que participam de grupos ou listas de discussão da Internet se manifestam apenas para vender equipamentos ou divulgar seu site pessoal? Por que não contribuem para a discussão da fotografia e do fotojornalismo? Ou seja, eles somente pensam no seu umbigo e fotografia é apenas ganha-pão, não expressão. Eles não têm necessidade de disseminar a fotografia ou discuti-la como tentamos fazer. Além do fato de se acharem acima de qualquer outro fotógrafo que não está na mesma situação (ou seja, fora dos grandes veículos);
abs,
Jorge

O que falta mesmo é amor, interesse e vergonha na cara!



www.flickr.com/photos/arthurimagem
www.punctum-foto.com
www.candangofotoclube.com
www.sambaphoto.com
www.fotoarkivo.com.br

Arthur Imagem

Concordo.
Discordo.
Acho que eu sou um daqueles que são os mesmos nas vernissagens...
O fotojornalista tem mesmo esta face: o trabalho absorve o tempo e os neurônios. Não que eles não os tenham, mas estão pensando mais na sobrevivência da carne do que na sobreviveñcia da alma.
Temos cabeças pensantes sim no fotojornalismo. Entrevistem o Eraldo Peres, o André Dusek e/ou mais alguns que já militaram. Pesquisem sobre a União dos Fotógrafos de Brasília, que foi um ponto de aglutinamento de fotógrafos além dos sindicato. Procurem pelos fotógrafos que fizeram parte da fotoagência Ágil, da decada de 80/90.
MAs de um modo geral, sei e vivo isso, produzimos muito coisa boa e não conseguimos dar vazão e visibilidade para isto tudo.
Continuemos a nos indignar, é uma força motriz que nos mantém vivos e em movimento.


Rinaldo Morelli
cel: (61) 99797200
Site: www.rinaldomorelli.com

Olá,Isabela,Rinaldo,Jorge e Arthur!!
Palmas,muitas palmas por esta discursâo vim a tona,Vida-longa os torpedos vindos do "punctus", do Rinaldo "Ladroes de Alma" e do Jorge Diehl do Foto clube Candanago.

Quando a Isabela diz: " Mas os fotojornalistas fazem o que? Só trabalham no jornal e deixam de ser fotógrafos...Cada vez mais é só uma tele, uma escadinha e paciência de passar o dia inteiro sentados na mesma posição esperando tal político meter o dedo no nariz ou cair a bolsa da presidente da Argentina para sair uma foto "diferente" na capa." Muito bom!!!,
Quando o mestre Luís Humberto diz "talvez pelo excesso de profissionais e meios, talvez por uma cultura cada vez mais acostumada ao fotógrafo e consequentemente tendendo a enfiá-lo num "chiqueirinho" -,
O "Chiqueirinho" e do caralho!!!!!
A fotografia sempre foi a cozinha das redaçôes, e vai continuar sendo, será sempre o patinho feio, cada vez mais aparecem "canetinhas focas" e fotógrafos com sua digital empindurada no pescoço, com os mesmos vicios do passado, e os jornais cada vez mais predadores, sem assinar carteiras de trabalho. é incrível, como os novatos se parecem tantos com os de décadas passada, será se o jornalismo ainda tem este clamor todo?
Me da ate arrepios em falar sobre o fotojornalismo de Brasília, vocês sabiam, que eu seria um grande coleccionador de "bo" boletins de ocorrerias se levasse tão a serio este "tal" de fotojornalismo.
Enfim, a realidade e que os fotógrafos que trabalham nas sucursais ganham(chutando) de seis mil lascas a dose mil reais mensais, isto com a venda de fotos pras agências e os caciques(editor fotografia).
Vai ver, que e por isso que eles não gostam de se misturar? não sei... mais uma coisa eu sei, eles gostam mesmo e de sair no site www.fotosalada.com.br eita,rapaziada que gostam de massagear o ego.
Acho, que a coisa vai alem da sobrevivencia, falta mesmo e fotografia na "veia" e engajamento e militancia, é colocar a cara a tapa-tambem-pela-profissao, porque fotografia não e so capa de jornal.
Quando o Arthur fala " O que falta mesmo é amor, interesse e vergonha na cara! “
Eu, concordo!!!! Eu sou um cara, que não defendo esta rapaziada, porque já há um tempão que eles estão pensando que estão dando as cartas, vai pensando!!! enquanto eles pensam, o importante e que continuemos a nos indignar, sempre!!!!!
Não esquecendo de colocar uma grande angular na mira e "tudo que se mexer e alvo" e fotografar!!!



Ivaldo Cavalcante
Editor
www.jornalolhodeaguia.com.br
http://jornalolhodeaguia.blogspot.com

Mas Rinaldo...

Será que o tempo é assim, tão absurdamente curto, que os caras não possam nem ao menos ver um bom livro de fotos para se "inspirar"? Como fazem os profissionais de outras áreas? Será que o fotógrafo de jornal se esquece que precisa consumir também para crescer, ou é muita "folga" achar que só seu trabalho basta?

A questão é que as cabeças pensantes são raras e hoje em dia não vejo muitas cabeças novas procurando pensar... Ou que estejam na ativa.

Será que os grandes veículos só querem a fotografia como ilustração do texto? Um artífice encantador que por vezes surpreende com uma bela imagem inusitada?

abs
Isabela



Foto: Arthur Monteiro

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